Te desafiamos a refletir uma vez por semana sobre temas cotidianos tirados de sua normalidade. Se você veio procurando receitas de vida, saia agora! Acreditamos no desenvolvimento de ideias próprias e do pensamento livre e crítico. Não trabalhamos com verdades absolutas nem com fórmulas prontas. Aqui somente desenhamos ideias. Falamos sobre filosofia desde o lugar em que ela nasceu: nas conversas informais na rua, nos problemas do dia a dia. Viver é fazer filosofia. Seja bem-vindo.

Eu sou o Francisco e também o Chico e o Chiquinho. Eu olho pro mundo e questiono ele, aberto a receber todas as possíveis respostas que ele pode me dar.
Eu sou a filosofia que estudo e vivencio, sou as pessoas que me atravessam e sou ainda a criança que eu espero que nunca saia de mim. Sou meus escritos e minhas leituras, sou o amor aos meus pais e a meu irmão, a minhas amizades e a mim mesmo.
Assim, sou muitas coisas e fui outras: ainda serei, espero.
O que sou hoje me faz querer transmitir conhecimento às pessoas, expressar minhas verdades (que são bem fluídas) e aprender com todo aquele que eu conversar. Quero ajudar os outros a encontrarem suas verdades e no caminho também procurar a minha.
Edição dessa semana:
#15 - Saudades do que não vivemos
Investimento:

“Também temos saudade do que não existiu, e dói bastante.”
Carlos Drummond de Andrade.

O falso-nostálgico
Como chama-se esta pessoa a qual sofre pelos destinos que não viveu? Pode ela ser chamada de nostálgica? Mas nostálgica do que exatamente? A nostalgia fala do passado, de um estado do ser que sofre por algo que deixou de ser como era, que passou. Este que sofre pelo que não viveu não pode ter se não uma falsa-nostalgia, pois ele esta sofrendo por algo que não ocorreu, então ele seria um falso-nostálgico?
Confesso-o eu e sei que haverão muitos leitores aqui que acenarão com a cabeça quando defina esta pessoa que sofre pelo que nunca aconteceu, que figura um mundo inexistente, fictício. Talvez a frase do Neymar, que ecoa ao Drummond, nunca haja sido tão profunda e significativa para nós neste texto, quando naquele tweet ele diz: “Saudades do que não vivemos” ele define o que não é definível pois ainda não foi vivido ou jamais o será, falo em projeção, em sombra turva e imaginária.
Saudades do que não vivemos
A saudade do que não vivemos é a experiência do impossível, é a tentativa de viver um universo que não existe e isto somente será possível na medida em que o pensador também seja um sonhador, um viajante das orbitas inabitadas deste universo não-vivido, em resumo, um melancólico, aquele que está entre dois mundos, o existente e o inexistente. Que não se julguem a estas pessoas demasiado cedo… elas tentam resolver algo que é, para mim, uma questão existencial.
Vocês acreditariam se eu dissesse que já sofri por pensar que eu tirei o lugar de uma pessoa do mundo? Certa vez minha mãe me disse: “Eu achava que tu serias uma menina e já havia escolhido teu nome: seria Renata”. Escrevi algumas vezes à Renata que jamais viveu, que jamais presenciou a magia do mundo, das cores e das sensações, era como que um pedido de desculpas e também um agradecimento à ela.
Eu sei, eu sei que devemos viver este mundo, o que há aqui, o “amor fati” e a afirmação da vida Nietzscheana, eu adoro estas filosofias, mas e como aceitar um amor que poderia haver sido mas que andou para um universo inexistente? “O beijo apaixonado que não dei, o abraço caloroso que não senti”? Agora Nietzsche vira a cara, agora todos perdemos a filosofia e somos os tontos olhando para a lua pensando “no que poderia haver sido”.
A experiência é um Sim
Pensem na vida como essa experiência do Sim. Nós somente conseguimos experienciar de fato aquilo que escolhemos (aqui a escolha não precisa ser autônoma, a escolha as vezes não é nossa) mas o que quero dizer é que temos somente uma estrada, não podemos experienciar o caminho que ia pela esquerda se seguimos o da direita. Somos caminhantes totalmente limitados à escolhas e para nós somente existe uma escolha, no sentindo de experiencia-la, e esta escolha trata do Sim.
Eu me deparei muito com estas questões durante minha vida pois me mudei de casa, escola, país, inúmeras vezes, tomei decisões que foram giros violentos, me arrisquei e às vezes me contive, e então no calar da noite, quando encostado ao travesseiro que é como que um eco de pensamentos, eu me perguntava: E se houvesse sido de outra forma?
Maximização de experiências = tentativa de viver o Sim e o Não
De pequeno me assombravam estas questões e eu sempre tive uma espécie de sensação de que eu nunca estava vivendo totalmente as coisas que eu queria viver, e sei lá da onde eu tirei a concepção de que para viver a vida de forma completa e total a gente deveria experienciar todas as possibilidades, os Sins e os Nãos, nessa espécie de ética quantitativa, de maximização da experiência em uma tentativa de alcançar a totalidade da experiência humana.
Não há como viver sem ilusões mas não há como viver nelas. Todos já nós perdemos em devaneios sem rumo, mas
Escrevi certa vez esta frase: “dizer sim ao não”, e com isto queria dizer que viver o “não” seria possível se procurássemos viver o máximo de vivências possíveis e impossíveis. Aproximar-nos a caminhos que não foram percorridos, e assim sempre declarei: Não me dês uma vida possível, dai-me uma impossível!

Vai pro sebo mais próximo da tua casa ou pega um pdf mesmo! Aqui é a seção:
Bota o cérebro pra trabalhar com a leitura hardcore da semana!

Gente hoje trago um dos livros que mais me transformou na vida e que para está em minha prateleira de livros mais fodas que já li. Não gosto da expressão “livro de cabeceira” mas de fato ele sempre ta do lado da minha caminha, então ele é esse livro que te acompanha pra sempre, que parece que a cada vez que leio ele algo muda tanto no livro quanto em mim.

Gente hoje trago um dos livros que mais me transformou na vida e que para está em minha prateleira de livros mais fodas que já li. Não gosto da expressão “livro de cabeceira” mas de fato ele sempre ta do lado da minha caminha, então ele é esse livro que te acompanha pra sempre, que parece que a cada vez que leio ele algo muda tanto no livro quanto em mim.

Em toda edição organizamos uma coletânea de três recomendações que envolvem: podcast, música e filme ou série, que procuram ser relacionados com o tema da edição da semana, mas que também podem ser aleatórios e serem super legais para refletir um pouquinho.
Texto ✒️
Este texto é de autoria minha, o escrevi no inverno do ano passado (2022) e para mim é um dos textos mais sinceros que já me dediquei a publicar. A questão é simples e remete ao texto desta semana: “é possível viver a totalidade da experiência?” e com isto me questiono se a experiência fenomênica do mundo, nossas vivências, podem ser experiências totais, sem a interferência do tempo, dos pensamentos ou outras coisas.
A tentativa de viver a totalidade da experiência Ou A angústia do Rato-dúvida



